
Atualidade na pesquisa
A proteína príon celular (PrPc) tem uma série de funções importantes no organismo. No entanto, após mas uma mutação no gene que a codifica o príon, tornou-se uma molécula infectante capaz de modificar outras proteínas, reproduzindo-se e gerando doenças fatais como a encefalopatia espongiforme bovina, conhecida como doença da vaca louca.
Nos últimos anos, novos estudos têm mostrado que várias doenças neurodegenerativas comuns, como Alzheimer, Parkinson, Huntington, diabetes tipo 2 e esclerose lateral amiotrófica, podem ser causadas por mecanismos semelhantes à ação do príon, ou seja, utilizam processos de propagação de enovelamento inadequado de proteínas, que são responsáveis pela morte celular dos neurônios e outras doenças no cérebro e no organismo. Isso tem ampliado radicalmente os horizontes para as pesquisas na área. De acordo com Neil Cashman, professor da Universidade de British Columbia (Canadá), o papel do príon na sinalização celular e a conexão da atividade celular semelhante à do príon com as doenças neurodegenerativas são, atualmente, os dois focos da pesquisa mundial na área. Cashman, que é diretor científico da PrioNet Canada, rede de excelência na área de ciência de príons, estima que a concentração das pesquisas nessas duas vertentes, que tem aumentado nos últimos dez anos, poderá levar a maneiras de reverter a morte celular causada pelo príon, gerando abordagens terapêuticas inovadoras e o desenvolvimento de novas drogas. Mas é preciso investir. Segundo Cashman, pelo caráter infeccioso do príon, os experimentos devem ser feitos em rígidos protocolos de biossegurança, de custo muito elevado. Cashman, que é autor de mais de 300 publicações na área de neurodegeneração e neuroimunologia. O pesquisador afirma que no passado, a proteína príon era vista apenas como substrato para o príon infeccioso. No entanto, obviamente ela não está tão presente no proteoma dos vertebrados apenas para contribuir com o aparecimento de doenças. Cada vez é mais claro que a proteína príon tem um papel importante em sinalização celular. Essa é uma das principais direções para a pesquisa na área. Outra área que tem sido desenvolvida na última década está ligada à propagação por transmissão de mau enovelamento. Descobriu-se inicialmente que a proteína príon se propaga fazendo com que outras proteínas deixem de se enovelar adequadamente, transformando-se em novos príons e propagando a infecção. O salto na pesquisa aconteceu quando aplicaou-se esse princípio para compreender outras doenças que são muito mais comuns do que as doenças priônicas.
(Adaptado: Agência FAPESP)